quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Deméter - A Deusa Mãe
Na Grécia antiga, Deméter era a grande mãe que fazia renovar a vida principalmente no reino vegetal. Para os romanos era chamada de Ceres, da onde surge o nome cereal. Rainha da agricultura, dos campos de trigo rege também os ciclos da natureza, das estações, da colheita e do plantio. Possui profunda conexão com natureza e com os ciclos do corpo.
Muito mais do que uma função biológica, ser mãe é uma atitude de nutrir e proteger a tudo que necessita de cuidados. Sua nutrição pode vir nos primeiros momentos para necessidades físicas, mais tarde para apoio emocional e compreensão e mais tarde ainda como uma fonte divina de inspiração espiritual.
Deméter é o arquétipo que toda mulher vive quando tem filhos, ou quando se doa por completo a um relacionamento ou a um projeto de vida. É quando o coração se abre ao ver um animalzinho precisando de abrigo.
Pode se relacionar com homens emocionalmente imaturos e que carecem de cuidados ou podem se relacionar com homens que vêem nela uma possibilidade de construir uma família. O perigo está em ser também alvo de sociopatas que exploram sua generosidade colocando-as em situações constrangedoras de abuso emocional do qual tem dificuldades de cortar.
Sua generosidade exacerbada a coloca numa situação de dificuldade de dizer não. Atender o outro é instintivo e o dizer sim pode se tornar pesaroso para ela mesma. Confrontar Deméter nestas horas é sinal de saúde. Esgotamento físico, cansaço e fadiga são comuns em mulheres-Deméter. Dizer não soa a ela como algo não generoso o que a faz se sentir muita culpada. Reconhecer seu próprio limite é a saída da ilusão da onipotência.
Algumas mulheres exageram na Deméter e a proteção abundante que oferecem aos filhos é motivada pela necessidade que tem de que dependam dela. Infantiliza o filho, o amigo ou até o parceiro para se tornar indispensável. A preocupação exacerbada com o outro mascara uma arrogância, inferiorizando-o emitindo uma mensagem de que o outro não é capaz. Costuma manter pessoas inseguras a sua volta pois assim se sente superior e necessária. Sua auto-estima está ligada a este estado de utilidade para com os outros. Se os outros não precisam dela, é ela que se sente insegura e deprimida.
Deméter ganha maturidade e evolução quando supera sua necessidade de manter as pessoas sob seus domínios e consegue encorajar o crescimento transformando a relação em dependência mútua onde existe espaço para o respeito, apreciação mútua e amor.
Quando os filhos viram adultos sua função maternal protetora perde a necessidade. Pedir ajuda às outras Deusas neste momento é muito bom, principalmente as deusas independentes como Atena, ajudando-a a levar sua generosidade para o trabalho, Ártemis, instigando-a a fazer uma escalada aventureira ou Héstia, convidando-a a praticar centramento e meditação.
A mesma coisa acontece quando um relacionamento onde esta função era importante acaba, a mulher-Deméter pode cair em depressão se sentindo amargurada e sem identidade com ninho vazio. No caso dos filhos, é importante ela compreender que o amor, a educação e a proteção que eles receberam dela vão ser passadas adiante para seus filhos, netos da mulher-Deméter. Não existe nenhuma dívida, o amor e cuidados de mãe são incondicionais.
Seu ponto cego, difícil de enxergar é que ela por motivos egoístas e não altruístas superprotegem e controlam os filhos podendo ter muitos comportamentos e sentimentos negativos mascarados por atitudes de generosidade. Ela espera sempre ser apreciada e fica desapontada quando a criticam. Sentimentos de vítimas fazem permanecer na defensiva dificultando entrar em contato com sua sombra e sua raiva. Sentimentos de ter sido explorada devem vir a tona e expressos para serem curados.
Para Deméter deixar o outro crescer é necessário que ela desenvolva sua mãe interior ou seja, que ela se alimente de sua própria Deméter. Conectar-se com sua própria mãe e se reconciliar com seus filhos cura qualquer depressão. Uma Deméter equilibrada expressa bem suas emoções por estar bem em contato com seus sentimentos, seu corpo é a terra do planeta. É ela que devemos chamar para não medirmos esforços para cuidarmos uns dos outros, de nós mesmas e termos uma atitude ecológica. Deméter nos ensina a honrar a Mãe e o planeta Terra que nos acolhe e sustenta.
Sílvia Rocha
Perséfone
Deusa do Submundo, do Inconsciente, Sacerdotisa e filha
"Eu transito entre dois mundos
Eu desci nos infernos de mim mesma
Li o inconsciente
Porque conheci as dores mais profundas
E sobrevivi
Eu posso conhecer as dores dos outros
Viajei na escuridão e nas sombras
Conheci o fundo do medo
Acendi a luz do amor
E voltei pra aquecer a terra
Eu sou Perséfone
Perséfone: jovem rainha do inferno
Características: ingenuidade, juventude, vitalidade, receptividade, intuição, espiritualidade, imaginação Aspectos sombrios: dependência, passividade, indecisão, depressão, fantasia Arquétipo: filha da mãe, sacerdotisa Palavra-chave: Poder oculto
É possível que a mulher-Perséfone não nos impressione particularmente no primeiro encontro devido à sua modéstia e discrição. Uma parte dela, podemos até pressentir, está em outro lugar. Todavia, ela é tão intuitivamente “ligada” que parece estar presente até mesmo nos nossos pensamentos.
Em sua fragilidade, nós pressentimos um anseio por afeição e intimidade profunda, embora seja difícil dizer se é a intimidade do espírito ou do corpo que ela realmente deseja.
A imagem de Perséfone está associada à de outra deusa, Deméter, a mãe perene, aquela a quem quer sempre agradar. O ideal de Perséfone é a de ser uma boa menina, obediente, dedicada e protegida de toda experiência arriscada.
Uma aura de mistério a envolve, um elo oculto com o espírito a faz habitar além das fronteiras do cientificamente conhecido - o que a faz se sentir alienada e insegura de si mesma. Hoje em dia, cada vez mais Perséfones latentes tem buscado a literatura esotérica, as formas alternativas de cura.
O mito descreve como a jovem donzela estava brincando certo dia entre as flores, quando, de repente, a terra se abriu e o grande senhor da Morte, Hades, surgiu em sua carruagem e raptou-a para o mundo avernal a fim de casar-se com ela.
Homem: Dois tipos de homem sentem atração por ela: os jovens e inexperientes e os que não resistem à sua inocência e fragilidade. Ter um companheiro pode ser a melhor saída para escapar da mãe dominadora. A sexualidade não é algo latente: está à espera do príncipe encantado que venha despertá-la. Realiza-se através da expectativa do outro.
Superação: O mundo do inconsciente, perdas, sombras, fazem parte daquilo que Peséfones precisa confrontar para evoluir em sua vida. Compreender o significado da descida de Perséfone e a sua ligação com a esfera espiritual é particularmente urgente hoje. Porém se a mulher-Perséfone moderna só vivencia apenas este tipo de natureza - vítima e passiva - tenderá a sofrer consideravelmente. É preciso convocar outras deusas como Deméter para dar-lhe senso de corpo e da terra para trazê-la ao chão. E Atenas para dar-lhe uma certa objetividade acerca da natureza de seus dons e assim por diante.
Caso transcenda sua própria sombra, poderá ajudar os outros a fazerem o mesmo, transformando-se em verdadeiras terapeutas da alma. Seu maior desafio, portanto é unir o lado escuro e o lado luminoso da deusa em si mesma. Por ter estado no mundo avernal e conhecer o lado mais tenebroso do sofrimento humano, ela se torna um facho de luz. Uma Perséfone madura pode servir de guia, então, para todos que queiram “visitar” as profundezas em seus sonhos e fantasias, ajudar os “raptados” e os que perderam contato com a realidade. "
Escrito por sílvia Rocha a partir do livro de Jean Shinoda bolen - As Deusas e a mulher
Lua Nova - Poema
Lua nova, lua nova,
lua que D`us acrescente,
Quando fores que vieres,
trazei-me tua semente.
Lua nova , lua nova,
lua que a tudo cura,
Cura em mim essa dor,
dor essa que tanto tortura.
Lua nova , lua nova,
onde meu amor estará,
Amor que tanto procuro
a sombra de teu luar.
Lua nova , lua nova,
não faças esse amor me faltar,
amor que tanto anseio
mas não consigo encontrar.
Lua nova , lua nova,
lua de São Vicente,
Cresça e apareça
e me dê tua semente.
De: Ozineide B.Pinheiro Braga
Poeta de Pernambuco.
Canto Iemanjá - Leo Artese
Luar se fez
um raio prateado
iluminando o céu
e as espumas do mar
Lindo clarão a beira mar
vejo Mamãe Iemanjá
Lá vem, lá vem
junto com as suas sereias
nos abençoar
Rainha Iemanjá
Dona das águas
tu és mãe
és Janaina
Odoya
Iluminai minhas profundas águas
para eu decifrar mistérios do meu mar
nesse meu mar de emoções
Rainha vem iluminar
Iemanjá, princípio gerador
amor fundamental
tão puro e maternal
Iemanjá, vem confortar
és Janaina, Odoya.
Oração da Bruxa
Eu sou a Bruxa,
Eu sou a Deusa,
Eu sou Aquela que ilumina e protege.
O Poder da Grande Mãe está dentro de mim.
Que a grande Mãe,
A Senhora do Norte,
Encha de frutos a árvore da minha vida.
Grande deusa que habita o meu ser
Ilumina cada palavra minha e
Cada ato meu,
Afasta cada sombra da minha vida,
Ilumina todas as minhas estações.
Faça-me forte na dor,
Faça-me bela no Amor.
Que o Teu Nome e o Teu poder seja o meu nome e o meu poder.
Assim sempre foi e assim sempre será
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Saint Germain
Mestre Ascencionado Saint Germain - Suas Vidas e Obras Através das Eras
Regente de uma Antiga Civilização
Há mais de cinqüenta mil anos, uma civilização da era de ouro florescia num fértil país dotado de clima subtropical, onde hoje se encontra o deserto do Saara. Abundavam ali grande paz,alegria e prosperidade, e era governado com suprema justiça e sabedoria por este mesmo Saint
Germain.
A maioria dos seus súditos detinha ainda o pleno uso consciente da sabedoria e do poder de Deus. Possuíam faculdades que hoje pareceriam sobre humanas ou milagrosas. Eles sabiam ser extensões do Sol Central, correntes de Vida saídos do Grande Núcleo do Cosmos espiritual/ material.
Sim, porque o seu sábio governante representara para eles num grande mural situado no centro da capital chamada "a Cidade do Sol", a sua história cósmica, para que não esquecessem a Fonte da qual tinham vindo nem a sua razão de existir, que era tornarem-se centros solares nesta galáxia distante a qual chamavam agora seu lar, extensões da Lei do Um [Deus Único]. Sim, porque faziam parte de um
universo em expansão. E o seu sentido de comensuração relativamente ao Um, mantinha sempre presente o conhecimento do EU SOU O QUE EU SOU.
Saint Germain era um mestre da sabedoria antiga e do conhecimento das esferas materiais, Governava com Luz todos os setores da vida; o seu império atingiu um ápice de beleza, simetria e perfeição nunca excedido na oitava física. Os padrões celestiais eram, de fato, manifestados no
cálice de cristal da terra. E a vida elemental prestava serviço para manter puros os quadrantes da Matéria. O povo considerava o seu hierarca como a mais alta expressão de Deus a quem aspirava imitar, e grande era o amor que alimentava pela sua presença. Ele era a encarnação do arquétipo da Cristicidade universal para aquela dispensação - a quem o povo podia olhar como padrão para a sua própria divindade emergente.
Guy W. Ballard descreve, sob o pseudônimo literário de Godfre Ray King, em Mistérios Desvelados, uma viagem anímica na qual Saint Germain o conduz através dos registros akáshicos desta civilização e do seu declínio. Saint Germain explicou-lhe que, "como em todas as eras passadas, uma parte das pessoas passou a interessar-se mais nos prazeres passageiros dos sentidos que no plano criativo mais vasto do Grande Eu Divino. Isto fez com que pelo país afora deixassem de ter consciência do Poder Divino, até este só permanecer ativo na capital. Os governantes compreenderam que deviam retirar-se e deixar o povo aprender, por dura experiência própria, que toda a sua alegria
e bondade provinham da adoração do Deus interior, e que para serem felizes teriam que retornar à Luz".
Assim, o governante (o representante em encarnação da hierarquia espiritual da Terra, chefiada por Sanat Kumara) recebeu instruções de um conselho cósmico para que deixasse o império e o seu amado povo; daí por diante, o carma desse povo seria o seu Guru e Legislador, e o livre-arbítrio determinaria que porção do seu legado de Luz seria ou não conservada. De acordo com o plano, o rei celebrou um grandioso banquete na Sala das Jóias do seu palácio, no qual participaram os seus conselheiros e os servidores públicos. Depois do jantar, que foi inteiramente precipitado [do Universal], apareceu à direita de cada um dos 576 convidados um cálice de cristal cheio de "pura essência eletrônica". Era o cálice eucarístico de Saint Germain, que, com o manto e o cetro dos antigos reis/sacerdotes, oferecia a sua própria essência de Luz aos que haviam servido fielmente o reino para a glória de Deus. Ao beberem em honra da "Chama do Altíssimo Ser Vivente", compreenderam
que nunca esqueceriam completamente a centelha Divina do Eu Divino interior. Esta proteção anímica, concedida através do coração sempre reconhecido de Saint Germain, continuaria através dos séculos até o dia em que esses servidores fariam de novo parte de uma civilização em que, decorridos os ciclos cósmicos, eles receberiam todo o conhecimento necessário para buscarem a União Divina - só que desta vez nunca mais deixariam a Cidade Dourada do Sol. Falou então um Mestre Cósmico vindo do Grande Silêncio. A sua mensagem foi radiodifundida do salão de banquetes para todo o reino. O ser resplandecente, que se identificou somente pela palavra Vitória escrita na fronte, veio preveni-los
de uma crise iminente, repreendendo o povo pela sua ingratidão e indiferença para com a sua Grande Fonte Divina, e fê-los recordar a ordem antiga para que obedecessem à Lei do Um - do Amor.
Deu-lhes em seguida a seguinte profecia do seu carma: "Um príncipe aproxima-se das vossas fronteiras para visitar-vos. Ele entrará nesta cidade procurando a filha do vosso rei. Este príncipe subjugar-vos-á, mas de nada servirá reconhecer o vosso erro. Nada haverá a fazer, pois a
família real ficará sob a proteção e cuidado de seres cujo poder vem de Deus, e contra os quais nenhum desejo humano pode jamais prevalecer. São os grandes Mestres Ascensos de Luz da cidade etérica situada por cima deste país. O vosso governante e os seus amados filhos habitarão lá por algum tempo". O rei e os seus filhos partiram passados sete dias. O príncipe chegou no dia seguinte e tomou o poder sem oposição. Ao estudarmos a história da vida de Saint Germain, vemos que através dos tempos o Mestre e a sua senda da Mestria Divina foram repetidamente rejeitados pelas próprias pessoas a quem pretendeu ajudar, e isto apesar de os seus dons de Luz, Vida e Amor - frutos do seu
mérito de adepto dados gratuitamente - as suas proezas alquímicas, elixir da vida, invenções e prognósticos terem sido prontamente recebidos.
O objetivo das suas encarnações desde a civilização da era de ouro do Saara até à hora final da sua vida como Francis Bacon foi sempre de libertar os filhos da Luz, especialmente os que, pelo seu descuido na utilização de princípios ígneos da Lei, tinham ficado entregues aos seus
próprios estratagemas cármicos - a cujos vícios estavam freqüentemente amarrados. A sua meta era o cumprimento da oração que ofereceu no banquete final do seu reinado: Se necessário for que tenham a experiência que consome e queima a escória e as nuvens do eu exterior, sustenta-os Tu e trá-los finalmente à Tua Perfeição Eterna. Eu apelo para Ti, ó Criador do Universo - Tu que és o Deus
Supremo e Onipotente!
Sumo Sacerdote na Atlântida
Como Sumo Sacerdote no Templo da Chama Violeta no continente da Atlântida há treze mil anos, Saint Germain sustentava, através das suas invocações e do seu corpo causal, um pilar de fogo,uma fonte de chama violeta cantante que atraía gente vinda de perto e de longe para se libertar de todo o tipo de circunstâncias escravizantes de corpo, da mente e da alma. Conseguiram-no através de esforço pessoal, de invocações e da prática de rituais do Sétimo Raio ao fogo sagrado. Uma grade circular de mármore intrincadamente trabalhado envolvia o santuário onde os suplicantes se ajoelhavam em adoração à chama Divina - para alguns visível como uma chama violeta física, para
outros como uma luz ‘ultravioleta', e para outros ainda completamente invisível, embora fossem inegáveis as poderosas vibrações de cura.
O templo era construído em magnífico mármore de várias tonalidades, que iam do branco brilhante com veios violeta e púrpura até aos tons mais escuros do espectro do Sétimo Raio. O núcleo central do templo era uma vasta sala circular revestida de mármore brilhante, violeta, e com um suntuoso chão de mármore púrpura. Com três andares, ficava situado no meio de um complexo de salas adjacentes destinadas ao culto e às várias funções dos sacerdotes e sacerdotisas que cuidavam da Chama e comunicavam a sua voz de Luz e Profecia ao povo. Os oficiantes desse altar eram preparados para a Ordem sacerdotal universal de Melquizedeque no retiro do Senhor Zadquiel, o Templo da
Purificação, situado nas Índias Ocidentais. Através dos altos e baixos das eras que se seguiram, Saint Germain usou engenhosamente o ‘momento' do Sétimo Raio do seu corpo causal para garantir a liberdade a guardiães da chama que mantiveram vivas as ‘brasas' do altar da chama violeta do seu templo atlanteano. Glorificou e foi um exemplo da liberdade de mente e de espírito. Dotando as quatro sagradas liberdades de uma identidade própria, defendeu a nossa liberdade face à interferência estatal, à arbitrariedade nos tribunais ou ao ridículo popular em assuntos que vão desde a investigação científica até às artes da cura e à busca espiritual.
Baseando-se numa plataforma de direitos humanos básicos para um público responsável e racional, educado segundo os princípios da liberdade e da igualdade de oportunidades para todos, ensinou-nos sempre a aderir ao nosso direito Divino inalienável de viver a vida de acordo com a nossa mais alta concepção de Deus. Sim, pois o Mestre disse que nenhum direito, por mais simples e básico que seja, pode permanecer seguro por muito tempo se não se apoiar nas graças espirituais e na Lei Divina, que comunica uma justiça compassiva no seu exercício.
O Profeta Samuel e depois São José
Voltando ao cenário do carma do seu povo como Samuel, profeta do SENHOR e juiz das doze tribos de Israel (cerca de 1050 A.C.), Saint Germain foi o mensageiro da libertação Divina da semente de Abraão do estado de escravidão face aos sacerdotes corruptos, os filhos de Eli, e aos filisteus que os haviam derrotado.
Levando no seu coração o sinal especial da rosa azul de Sírio, Samuel deu aos desobedientes israelitas uma profecia paralela aos seus discursos do séc. XX - ambos inextrincavelmente ligados às promessas de Deus sobre o carma, o livre arbítrio e a graça:
"Se quereis retornar ao SENHOR com todo o vosso coração, afastai os deuses estranhos e Ashtarote entre vós, preparai o vosso coração para o SENHOR e a Ele somente servi: Ele vos libertará da mão dos filisteus". Mais tarde quando o Rei Saul desobedeceu a Deus, Samuel libertou o povo da sua tirania ungindo David como rei.
Fiel ao cordão da profecia que percorre as suas encarnações, Saint Germain foi São José, da linhagem do rei David, filho de Jessé, instrumento escolhido do Espírito Santo, pai de Jesus de acordo com as palavras do SENHOR a Isaías - "Brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes frutificará um Renovo..." Vemos, assim, que em cada uma das encarnações de Saint Germain esteve sempre presente uma qualidade da alquimia - uma transferência de poder Divino.
Assim ordenado como instrumento do SENHOR, Samuel transferiu o Seu fogo sagrado na unção de Davi e, por forma igualmente científica, tirou do Rei Saul quando o SENHOR rejeitou este último como rei de Israel. Este sinal inconfundível do adepto do Sétimo Raio, com freqüência trajando humildemente, estava também presente como poder do Espírito Santo para a conversão de almas e para o controle de forças naturais na vida em que foi Santo Albano, no século III, primeiro mártir das Ilhas Britânicas.
Albano
Soldado Romano Albano, que era um soldado romano, escondeu um sacerdote fugitivo, sendo por ele convertido; mais tarde, seria condenado à morte por se ter feito passar pelo sacerdote vestindo o seu hábito, e permitindo que este fugisse. Grande multidão reuniu-se para assistir à sua execução - demasiado numerosa para passar na estreita ponte que era necessário atravessar.
Albano orou e as águas do rio partiram-se - tendo então o seu carrasco, convertido, pedido que o deixassem morrer em lugar de Albano. O seu pedido não foi deferido, e decapitaram-no neste dia ao lado do santo.
Mestre Mentor dos Neoplatônicos
No entanto, Saint Germain nem sempre fez parte das fileiras da Igreja. Combatia a tirania onde quer que a encontrasse, inclusive numa falsa doutrina cristã. Como Mestre e Mentor por detrás dos neoplatônicos, Saint Germain foi a inspiração interior do filósofo grego Próclus (cerca
de 410-485 D.C.). Ele revelou que o seu discípulo fora, numa vida anterior, um filósofo pitagórico, mostrando também a Próclus a destruição operada pelo Cristianismo de Constantino e o valor da senda do individualismo (conducente à individualização da chama Divina), à qual os cristãos chamavam de "paganismo".
Como chefe altamente venerado da Academia Platônica de Atenas, Próclus baseou a sua filosofia no princípio de que existe somente uma realidade autêntica - o "Um", que é Deus, ou a Divindade, a meta suprema de todos os esforços da vida. Disse o filósofo: "Para além de todos os corpos está a essência da alma, e para além das almas a natureza intelectual, e mais além ainda de todas as existências intelectuais o Um". Ao longo de suas encarnações, Saint Germain demonstrou uma tremenda vastidão de conhecimento na Mente de Deus; não nos surpreende, assim, a vastidão da consciência dos seus discípulos.
Os seus escritos cobriam quase todas as áreas do ensino. Próclus reconhecia que a sua iluminação e filosofia vinham do alto - na realidade, ele considerava-se um instrumento através de quem a revelação Divina vinha até a humanidade. "Não parecia destituído de inspiração Divina",
escreveu o seu discípulo Marinus, "porque saíam da sua sábia boca palavras semelhantes à mais espessa neve que cai; assim, os seus olhos irradiavam um brilho luminoso, e o resto da sua expressão participava da iluminação Divina".
Assim, Saint Germain, vestido de branco, jóias incrustadas no calçado e cinto emitindo o fogo estrelar de mundos distantes, era o Mestre misterioso que sorria mesmo atrás do véu - refletindo as imagens da sua mente na alma do último dos grandes filósofos neoplatônicos.
Merlin
Saint Germain foi Merlin. A inesquecível, e de alguma forma insubstituível figura que paira nas brumas da Inglaterra, pronto a aparecer-nos a qualquer momento para oferecer-nos um cálice com elixir espumante. Ele, o ‘ancião' que conhece os segredos da juventude e da alquimia, que
projetou as estrelas em Stonehenge, e que, segundo dizem, moveu uma ou outra pedra com seus poderes mágicos - que não surpreenderia ninguém se aparecesse subitamente num palco da Broadway ou nas florestas de Yellowstone, ou a nosso lado numa estrada em qualquer lugar. Sim, porque Saint Germain é Merlin.
Merlin, o amado Merlin, nunca nos abandonou - o seu espírito encanta os séculos. Faz-nos sentir tão raros e únicos como os seus adornos de diamantes e ametistas. Merlin é a Presença insubstituível, um vórtice... em torno de cuja ciência, lendas e romance fatal a civilização
ocidental se entrelaçou.
Foi no século V. No meio do caos deixado pela lenta agonia do Império Romano um rei subiu ao trono para unir um país estilhaçado por chefes guerreiros e dilacerado por invasores saxões. A seu lado tinha o próprio ancião [merlin] - meio sacerdote druida, meio santo cristão -
vidente, mago, conselheiro, amigo, que orientou o rei ao longo de doze batalhas para unir o reino e estabelecer uma janela de paz.
Em certo ponto da sua vida, o espírito de merlin passou por uma catarse. Segundo reza a lenda, teria sido no meio de uma feroz batalha. Ao ver a carnificina, desceu sobre ele uma loucura - a visão simultânea do passado, presente e futuro - tão peculiar na linguagem dos profetas. Fugiu para a floresta para viver como um selvagem, e um dia em que se sentara debaixo de uma árvore começou a dizer profecias sobre o futuro do País de Gales. "Fui separado do meu verdadeiro eu", disse ele. "Era como um espírito, e conhecia a história das pessoas num passado longínquo, e podia prever o futuro. Sabia então os segredos da natureza, do vôo das aves, do movimento das estrelas e
da forma como os peixes nadam".
As suas afirmações proféticas e os seus poderes "mágicos" serviam para um fim: estabelecer um reino unido entre as tribos dos antigos bretões. A sua presença em tudo é lembrada num antigo nome celta da Grã-Bretanha, "Clas Myrddin", que significa "o Recinto de merlin". Ao
aconselhar e ajudar Artur a fundar o seu reino, merlin procurou tornar a Grã-Bretanha uma fortaleza contra a ignorância e superstição, onde a realização crística pudesse prosperar na busca do Santo Graal. Os seus esforços naquele solo dariam fruto no século XIX, em que as Ilhas Britânicas se tornaram o lugar onde a iniciativa individual e a indústria puderam prosperar como nunca o haviam feito em doze mil anos.
Ao mesmo tempo, porém, que Camelot, a rosa da Inglaterra, brotava e florescia, as sombras da noite iam-se entrelaçando nas suas raízes. Feitiçaria, intriga e traição destruíram Camelot, mas não o amor de Lancelot e Guinevere, como faria crer o misógino retrato de Tom Malory.
Infelizmente, o mito por ele plantado permitiria ocultar os verdadeiros culpados durante estes longos séculos. Foi o filho bastardo do rei, Modred, filho da sua meia-irmã Margawse que, com a ajuda de Morgana le Fay e um grupo de feiticeiras como ela e de cavaleiros negros, tentou roubar a coroa, aprisionar a rainha, e destruir por algum tempo os laços de um Amor que eles (os da senda da mão esquerda) nunca haviam conhecido nem podiam conhecer - uma Realidade que todos os seus desejos, guerras e encantos não podiam tocar.
Assim, foi com o coração pesado e com o espírito de um profeta que teve visões de tragédia e desolação, alegrias passageiras e a dolorosa angústia da retribuição cármica continuamente manifestada, que merlin entrou no cenário do seu próprio desfecho, para ser enredado
com encantos que ele próprio ensinara pela tola e manhosa Vivem - e adormecer.
Sim, errar é humano mas ansiar pela chama gêmea ausente é a sorte de muitos cavaleiros andantes, reis ou profetas solitários, que talvez devessem ter desaparecido nas brumas em vez de sofrerem triste ignomínia pelo seu povo.
Roger Bacon
Alguns dizem que ainda dorme, mas é porque subestimam muito o espírito prontamente recuperável do sábio que reapareceu, desta vez na Inglaterra, no séc. XIII, camuflado como Roger Bacon (cerca de 1214-1294). Eis que torna a entrar em cena merlin - cientista, filósofo, monge, alquimista profeta - para fazer avançar a sua missão de estabelecer as amarras científicas da era de Aquário, que a sua alma um dia patrocinaria. A reparação desta vida estava destinada a ser a voz clamando no deserto intelectual e científico da Grã Bretanha medieval.
Numa era em que a tecnologia ou a lógica, ou ambas, ditavam os parâmetros da ciência, ele promoveu o método experimental, declarou acreditar que o mundo era redondo, e repreendeu os sábios e cientistas do seu tempo pela sua tacanhez de espírito.
Assim, é considerado como o precursor da ciência moderna. Mas foi também um profeta da tecnologia moderna. Embora seja improvável que tenha feito experiências para determinar a viabilidade das seguintes invenções, ele predisse a descoberta do balão de ar quente, das máquinas
voadoras, dos óculos, do telescópio, do microscópio, do elevador, de navios e carros de propulsão mecânica - escrevendo sobre eles como se os tivesse visto! Bacon foi também o primeiro ocidental anotar as instruções exatas para o fabrico da pólvora, mas manteve secreta a fórmula para que não fosse usada para fazer mal a alguém.
Não admira que o tomassem por mágico! No entanto, tal como Saint Germain nos diz hoje nos seus Estudos sobre a Alquimia que os "milagres" são operados através da precisa aplicação das leis universais, também Roger Bacon pretendeu que as suas profecias demonstrassem que as máquinas voadoras e os engenhos mágicos eram produtos do emprego de leis naturais que os homens descobririam
a seu tempo.
De onde pensava Bacon ter derivado a sua espantosa compreensão? "O verdadeiro conhecimento não tem origem na autoridade de outrem, nem numa obediência cega a dogmas antiquados", disse ele. Dois dos seus biógrafos escrevem que acreditava ser o conhecimento "uma experiência altamente pessoal - uma luz que só é comunicada ao mais íntimo do indivíduo através doa canais imparciais de todo o conhecimento e de todo o pensamento".
E assim, Bacon, depois de ter sido conferencista em Oxford e na Universidade de Paris, decidiu separar-se e aos seus pensamentos das poses e postulações dos residentes das academias. Entrando para a Ordem Franciscana dos Frades Menores, ele disse: "Levarei a cabo as minhas
experiências sobre as forças magnéticas do óxido de ferro no mesmo santuário onde o meu companheiro cientista São Francisco, fez as suas experiências sobre as forças magnéticas do amor".
Porém, a perspectiva do frade sobre o mundo científico e filosófico, os seus corajosos ataques contra os teólogos do seu tempo, bem como o seu estudo da alquimia, astrologia e magia fez com que o acusassem de "heresia e inovações", pelas quais foi lançado na prisão em 1278 pelos seus irmãos franciscanos! Mantiveram-no em isolamento solitário durante quatorze anos, só o libertando pouco antes da morte. Embora as horas da sua vida se tivessem esgotados e o seu corpo fosse uma ruína, ele sabia que os seus esforços não deixariam de ter impacto sobre o futuro.
A seguinte profecia que deu aos seus estudantes mostra os grandes ideais revolucionários do espírito invencível desta chama viva de liberdade - o porta-voz imortal das nossas liberdades científicas, religiosas e políticas: Eu acredito que a humanidade aceitará como axioma para a sua
conduta o princípio pelo qual dei a minha vida - o direito de investigar. É o credo dos homens livres - esta oportunidade de experimentar, este direito de errar, esta coragem de experimentar de novo. Nós, os cientistas do espírito humano, experimentaremos, experimentaremos, experimentaremos sempre. Atravessando séculos de tentativa e erro, e atravessando agonias de pesquisa...experimentaremos leis e costumes, sistemas monetários e governos, até traçarmos o único curso verdadeiro - até encontrarmos a majestade da nossa própria órbita, tal como os planetas no alto encontram a sua... E então seguiremos, finalmente, todos juntos na harmonia das nossas esferas sob o grande impulso de uma única criação - uma unidade, um sistema, um desígnio.
Cristóvão Colombo
Para poder estabelecer esta liberdade na Terra, a corrente de vida de Saint Germain reencarnou outra vez -como Cristóvão Colombo (1451-1506). Mais de dois séculos antes da viagem de Colombo, porém, Roger Bacon preparava o cenário para a viagem dos três navios e para a descoberta do Novo Mundo ao afirmar, na sua obra "Opus Majus" que "o mar entre o fim da Espanha, a Ocidente, e o princípio da Índia, a Oriente, pode ser cruzado em muitos poucos dias com vento favorável". Embora a afirmação fosse incorreta na medida em que o território a ocidente da Espanha não era a Índia, ela foi útil para a descoberta de Colombo.
O Cardeal Pierre d'Ailly reproduziu-a na sua Imago Mundi sem referir ser da autoria de Bacon. Colombo leu a obra do Cardeal e citou esta passagem numa carta de 1498 aos Reis Fernando e Isabela, dizendo que a sua viagem de 1492 havia sido inspirada em parte por esta declaração visionária. Colombo acreditava que Deus o fizera "mensageiro do novo céu e da nova terra do qual Ele falara no Apocalipse de São João, depois de se lhe ter referido pela boca de Isaías". A sua visão estendia-se até ao Israel da Antiguidade, ou talvez mais longe ainda. Sim, porque ao descobris o Novo Mundo, Colombo acreditava ser o instrumento através de quem Deus, como anotou Isaías cerca de 732 A.C., "adquirirá, de novo, os resíduos do seu povo... e ajuntará os desterrados de Israel, e os dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra". Vinte e dois séculos passariam até algo de visível acontecer que parecesse ser o cumprimento desta profecia. Mas, na parte final do
séc. XV, Cristóvão Colombo preparava calmamente o cenário para o cumprimento desta profecia, certo de que fora escolhido por Deus para a sua missão.
Estudou os profetas bíblicos, e anotou as passagens relativas à sua missão num livro da sua autoria intitulado Las Profecias - ou, na sua forma completa O Livro das Profecias sobre a Descoberta das Índias e o recobro de Jerusalém. Embora este ponto raramente seja realçado, ele é um fato tão enraizado na História que até mesmo o Enciclopédia Britânica diz inequivocadamente que "Colombo descobriu a América mais através da profecia do que da astronomia". "Para levar a cabo esta empresa das Índias", escreveu ele aos Reis Fernando e Isabela em 1502, "a razão, a matemática e os mapas de nada servirão: cumpriram-se inteiramente as palavras de Isaías". Referia-se a Isaías 11:10-12. Vemos assim que, vida após vida, Saint Germain recriava - não sabemos se com o contínuo conhecimento da sua mente exterior ou não - a senda dourada conducente ao Sol - um destino que se repetia de adorar a Presença Divina e restaurar uma era de ouro perdida.
Francis Bacon
Quando era Francis Bacon (1561-1626), a maior mente que o Ocidente jamais produziu, as suas múltiplas conquistas em todos os campos vieram lançar o mundo num cenário preparado para os filhos de Aquário. Nesta vida teve a liberdade de concluir a obra que havia começado quando era Roger Bacon. Os estudiosos têm notado as semelhanças entre os pensamentos dos dois filósofos, e até mesmo entre as obras Opus Majus de Roger, e De Augmentis de Francis. Isto torna-se ainda mais surpreendente porque o Opus de Roger nunca foi publicado durante a sua vida, tendo caído no esquecimento, e só foi impresso 113 anos depois do Novum Organum de Francis, e 110 anos depois do
seu De Augmentis!
O insuperado espírito desta alma imortal, deste rei/ filósofo, deste cientista/ sacerdote, poderia facilmente ter mantido o seu humor com o teimoso lema tomado a tiranos, torturas e tragédias: Se te derrotarem numa vida, retorna e derrota-os na seguinte! Francis Bacon é conhecido
como o pai do raciocínio indutivo e do método científico, contribuições que, mais do que qualquer outra, são responsáveis pela era da tecnologia, na qual vivemos agora. Ele sabia de antemão que somente a ciência aplicada poderia libertar as massas da miséria humana e da labuta da mera sobrevivência, para que pudessem procurar uma espiritualidade mais elevada que outrora haviam conhecido. Assim, a ciência e a tecnologia eram essenciais para o plano de Saint Germain visando a libertação dos seus portadores de Luz e, por intermédio destes, de toda a humanidade.
O seu próximo passo seria algo de tão arrojado como promover a iluminação universal! "A Grande Instauração" (restauração após uma fase de decadência, queda ou ruína) foi a sua fórmula para mudar "o mundo inteiro". Inicialmente concebida quando Bacon era um rapazinho de doze ou treze anos e mais tarde cristalizada, em 1607, no seu livro com o mesmo nome, foi de fato esta obra que lançou o Renascimento Inglês, com a ajuda da personalidade terna e atenciosa de Francis. Sim, porque ao longo dos anos reuniu à sua volta um grupo de iluminati responsáveis, entre outras coisas, por praticamente toda a literatura isabelina - Ben Jonson, John Davies, George Herbert, John Selden, Edmund Spenser, Sir Walter Raleigh, Gabriel Harvey, Robert Greene, Sir Philip Sidney, Christopher Marlowe, John Lyly, George Peele e Lancelot Andrewes. Alguns destes faziam parte de uma "sociedade secreta" que Francis formara com seu irmão, Anthony, quando ambos estudavam direito em Gray's Inn. Este jovem e inexperiente grupo, chamado "The Knights of the Helmet" ("Os Cavaleiros do Elmo"), tinha por objetivo o progresso do saber através da expansão da língua inglesa e da criação de uma nova literatura escrita já não em latim, mas em palavras que os ingleses pudessem compreender.
Francis organizou igualmente a tradução da "King James Version" da Bíblia, convencido de que o homem comum devia ter o benefício de poder ler a palavra de Deus. Além disso, como se viria a descobrir na década de 1890 em duas cifras distintas - uma cifra de palavras e uma cifra bilateral encerrada nos caracteres tipográficos das primeiras edições dos Shakespearean Folios - Francis Bacon foi de fato o autor das peças atribuídas ao autor da esquálida aldeia de Stratford-on-Avon. Ele foi o maior gênio literário do mundo ocidental.
Bacon esteve também por detrás de muitas das idéias políticas nas quais a civilização ocidental se baseia. Thomas Hobbes, John Locke e Jeremy Bentham usaram Bacon como o seu ponto de partida ideológico. Os seus princípios revolucionários são o motor que conduziu os Estados Unidos da América. São a própria essência do espírito de realização que a norteia. "Os homens não são animais eretos", asseverou Bacon, "mas sim Deuses imortais. O Criador deu-nos almas iguais a todo o mundo, embora nem um mundo inteiro possa saciá-las". Francis Bacon continuou também a tarefa que começara como Cristóvão Colombo, promovendo a colonização do Novo Mundo, pois sabia ser ali que as suas idéias mais haviam de se enraizar e de florescer completamente. Convenceu James I a conceder privilégios à Terra Nova e foi oficial da Companhia da Virgínia, que patrocinou o povoamento de Jamestown, a primeira colônia permanente da Inglaterra na América. Fundou também a Franco-Maçonaria, dedicada à liberdade e iluminação da humanidade, cujos membros desempenharam importante papel na
fundação da nova nação. No entanto, podia ter sido uma bênção ainda maior para a Inglaterra e para o mundo inteiro se lhe tivesse sido permitido cumprir o seu destino. As mesmas cifras que percorrem as peças de Shakespeare percorrem também as obras do próprio Francis Bacon e de muitos outros membros do seu círculo de amigos. Ambas estas cifras contêm a sua verdadeira história, as meditações da sua alma, e tudo o que ele quis legar às gerações futuras mas não podia publicar abertamente com receio da rainha.
Os seus segredos revelam que deveria ter sido Francisco I, Rei da Inglaterra. Era filho da Rainha Isabel I e de Robert Dudley, Lorde Leicester, nascido quatro meses depois de uma cerimônia matrimonial secreta. Mas ela, querendo manter a sua posição de "Rainha Virgem" e temerosa de, caso reconhecesse o seu casamento, ser forçada a dar o poder ao ambicioso Leicester, ou ainda com medo de que o povo preferisse o seu herdeiro masculino e exigisse que a rainha abdicasse do trono prematuramente, recusou-se a permitir, sob pena de morte, que Francisco assumisse a sua verdadeira identidade. A rainha manteve-o na incerteza durante toda a vida, nunca lhe dando um cargo público, nunca o proclamando seu filho, nunca lhe permitindo levar a cabo os seus objetivos para a Inglaterra. Não, ela não deixaria o seu filho iniciar a era de ouro da Bretanha, que estava prevista mas nunca aconteceu. Que destino cruel - uma rainha-mãe rígida, desdenhosa para com o seu príncipe
da era de ouro!
Francis foi educado com o filho adotivo de Sir Nicholas e Lady Anne Bacon, e aos quinze anos ouviu a verdade sobre o seu nascimento dos lábios da sua própria mãe, que no mesmo instante o excluiu para sempre da sucessão. Numa noite o seu mundo ficou em ruínas. Como o jovem Hamlet, meditou e tornou a meditar sobre a questão, "Ser ou não ser?" Esta era a sua questão. Acabou por decidir não se revoltar contra a mãe, nem mais tarde contra o seu pouco capaz sucessor, Jaime I, apesar de ciente do grande bem que poderia trazer à Inglaterra, apesar da visão que tinha de como o país "poderia ser, se sabiamente governado". Sabia ter dentro de si o poder de tornar-se um monarca
como o país nunca conhecera, um verdadeiro pai da nação. Escreveu sobre os "impulsos da preocupação patriarcal com seu povo, semelhante à de Deus" que teria exercido - sombras do imperador da era de ouro do Saara.
Felizmente para o mundo, Francis decidiu continuar a trabalhar para a sua meta da iluminação universal através da literatura e da ciência, como conselheiro do trono, apoiante da colonização e fundador de sociedades secretas, restabelecendo assim o fio de contato com as antigas
escolas de mistérios. A válvula de escape do seu espírito ferido foi a sua escrita cifrada, na qual derramou as suas aspirações para uma era futura. Ao tempo de sua morte, 1626, perseguido e sem conseguir aceitação para os seus múltiplos talentos, Francis Bacon havia triunfado sobre circunstâncias que poderiam ter destruído homens menores, mas que para ele provaram, na verdade, ser o forjar de um Mestre Ascenso.
O Homem Prodigioso da Europa
O 1º de Maio de 1684 foi o Dia da Ascensão de Saint Germain. Das alturas de um poder bem
merecido e superior ao deste mundo, ele continua de pé para refutar todas as tentativas de impedir a
sua ‘Grande Instauração' aqui em baixo. Desejando acima de tudo libertar o povo de Deus, quer este o
quisesse ou não, Saint Germain procurou obter uma dispensação dos Senhores do Carma para retornar à
Terra num corpo físico.
Estes concederam-na, e ele apareceu como o Conde de Saint Germain, um cavaleiro "milagroso" que causava espanto nas cortes européias dos sécs. XVIII e XIX como "O Taumaturgo". O seu objetivo era de impedir a Revolução Francesa, efetuar uma transição suave da monarquia para uma forma de governo republicano, estabelecer os Estados Unidos da Europa, e instaurar a flor-de-lis como a chama trina de identidade divina em todos os corações.
Embora admirado em todas as cortes da Europa pelas suas qualidades de adepto - corrigia defeitos em diamantes, desaparecia no ar, escrevia os mesmos versos de poesia simultaneamente com as duas mãos, era versado em muitas línguas e fluente em qualquer outro assunto, narrava qualquer acontecimento com o uma testemunha visual - não conseguiu obter a resposta esperada.
Embora dispostos a deixar-se entreter, os reis não se deixavam facilmente incitar a renunciar ao seu poder nem a acompanhar os ventos da mudança democrática. Tanto eles quanto os seus invejosos ministros ignoraram o seu conselho, e a Revolução Francesa aconteceu. Numa tentativa final de unir a Europa, Saint Germain apoiou Napoleão, que abusou do poder do Mestre até à sua morte.
Passou, assim, a oportunidade de suspender a retribuição de carma devida a uma era, sendo Saint Germain forçado uma vez mais a retirar-se de uma situação cármica. Neste episódio, embora fosse claramente visível como mediador, Saint Germain, com os seus milagres à mão e as suas profecia, continuou a ser ignorado! Que seria necessário para converter os corações dos homens?
Paganismo
A palavra paganismo deriva do latim "paganus", que literalmente, quer dizer: homem do campo, camponês ou aldeão; um termo usado para se referir as diversas religiões dos antigos camponeses da Europa chamados de pagãos, pelos romanos. E que, até os dias de hoje, é usado equivocadamente para identificar todo aquele que não é cristão ou não foi batizado através dos preceitos comuns da igreja católica. O paganismo é um dos caminhos que nos leva ao bem maior e à comunhão da Deusa e do Deus dentro de nós, em termos religiosos, é o culto e a reconexão com a própria natureza. Alguns celebram o caminho da Arte sozinhos ou com outras pessoas, membros de um mesmo grupo, conhecidos também como covens. Existem muitas vertentes dentro do Paganismo, dentre esses caminhos, alguns estão claramente definidos e possuem uma tradição própria, outros não. Os caminhos mais conhecidos, hoje em dia são: Paganismo Reconstrucionista Celta, Wicca, Druidismo, Odinismo e Xamanismo. Há muitos mistérios que envolvem o paganismo. O próprio pentagrama é um deles. Um símbolo pagão muito antigo e, muitas vezes, associado erroneamente ao "mal" ou quando invertido, ao satanismo. O paganismo não tem nenhuma relação com satanismo ou magia negra. Este símbolo, na realidade, representa a Grande Deusa, considerado um símbolo divino para os druidas e, para os antigos celtas, representava Morrighan, a Deusa da guerra e do amor. Numa versão mais moderna representa, também, os quatro elementos, mais o quinto elemento, como sendo o éter ou espírito divino. Enfim, os mistérios vão muito além das brumas do tempo... Prestes a renascer! As brumas são os véus que encobrem o mistério do caminho gasto pelo uso. Muitos são os que vão nos ver e não vão nos entender, além de não conseguirem absorver toda a sabedoria dos Antigos, simplesmente por pura ignorância. Abençoado resgate às tradições celtas e a sacralidade da natureza. Não tema passar pelas brumas, um mundo maravilhoso espera por todos aqueles que trazem a fé e o amor dentro de seus corações. É como a magia do mestre, que aparece apenas quando o aluno está pronto para ouvir. Então, ouça o chamado da Deusa, vá direto para Glastonbury e ultrapasse o Portal, absorva todos os conhecimentos vindos de Avalon através das lenda e dos mitos. Que assim seja!
Ocultismo
Ocultismo (ou Ciências Ocultas) é um conjunto de teorias e práticas cujo objetivo seria desvendar os segredos da natureza, do Universo e da própria Humanidade. O ocultismo trata de um tipo de conhecimento que está além da esfera do conhecimento empírico, o que é sobrenatural e secreto. Não é aceito pela comunidade científica por não compartilhar de suas metodologias. O ocultismo está relacionado aos fenômenos sobrenaturais. Ou seja, são conjecturas metafísicas, e teológicas, algumas das quais oriundas de povos da Antigüidade Clássica.
Introdução
O ocultismo está relacionado aos fenômenos sobrenaturais. Ocultismo é um conjunto vasto, um corpo de doutrinas proveniente de uma tradição primordial que se encontraria na origem de todas as religiões e de todas as filosofias, mesmo as que, aparentemente, dele parecem afastar-se ou contradizê-lo.
O Homem aqui retratado seria um completo e arquetípico, composto não apenas de corpo, mas também de emoção, razão e alma (como divide a cabala).
Segundo algumas tradições ocultistas as religiões do mundo teriam sido inspiradas por uma única fonte sobrenatural. Portanto, ao estudar essa fonte chegar-se-ía a religião original.
Muitas vezes um ocultista é referenciado como um mago. Alguns acreditam que estes antigos Magos já conheciam a maior parte das descobertas da ciência contemporânea e até além delas, tornando estas descobertas meros achados.
Definição
Nas ciências ocultas, a palavra oculto refere-se a um "conhecimento não revelado" ou "conhecimento secreto", em oposição ao "conhecimento ortodoxo" ou que é associado à ciência convencional. Para as pessoas que seguem aprofundando seus estudos pessoais de filosofia ocultista, o conhecimento oculto é algo comum e compreensivel em seus símbolos, significados e significantes. Este mesmo conhecimento "não revelado" ou "oculto" é assim designado, por estar em desuso ou permanecer nas raízes das culturas. Originalmente no século XIX era usado por ter sido uma tradição que teria se mantido oculta à perseguição da Igreja, e da sociedade e por isso mesmo não pode ser percebido pela maioria das pessoas. Mesmo que muitos dos símbolos do ocultismo, estejam sendo utilizados normalmente e façam parte da linguagem verbal ou escrita (p.e. a palavra abracadabra seria uma palavra de poder), permanecem assim, ocultos o seu significado e seu verdadeiro sentido. Desta maneira, tudo aquilo que se chama de "ocultismo" seria uma sabedoria intocada, que poucas pessoas chegam a tomar conhecimento, pois está além (ou aquém) da visão objetiva da maioria, ou de seu interesse. O ocultismo sempre foi concebido desde o início, como um saber acessível apenas a pessoas iniciadas (ou seja, para aquelas que passaram por uma "iniciação"; uma inserção num grupo separado do comum e do popular; ou mesmo uma espécie de batismo, onde as pessoas seriam escolhidas, então guiadas e orientadas a iniciar numa nova forma de compreender e pensar o que já se conhece, supostamente transcendendo-o). Contudo, sempre houve curiosos de várias época, que foram capazes de especular à respeito do Ocultismo, sem que este conhecimento se tornasse algo comum em suas vidas. Embora o Ocultismo sempre exigisse da pessoa que o estudava, uma posição e atitude pessoal diversa daquela que a maioria das pessoas assumia. Por isso mesmo, que os estudiosos desta filosofia não eram bem vistos (acusados de pagãos, bruxos(as), místicos(as), loucos(as), rebeldes), sendo excluídos, perseguidos e condenados. Com certeza eram em sua maioria, muito mal compreendidos. O ocultismo tem como escopo de estudo o que seriam energias e forças de variados tipos e formas, suas fontes e seus efeitos, assim como os seus canais de atuação e seus efeitos produzidos na consciência do Homem. Segundo os ocultistas a ciência oculta estuda, o contrário da ciência tradicional, a natureza em sua totalidade, assim como as relações entre a natureza e o Homem. Principalmente por professar uma dimensão espiritual, ou sobre-natural, algo que nunca foi empiricamente demonstrado e portanto não reconhecido pela ciência do passado.
Do ponto de vista de quem o professa a percepção do oculto consiste, não em acessar fatos concretos e mensuráveis, mas trabalhar com a mente "transcendendo-se" e o espírito. Ocultismo assim supostamente refere-se ao treinamento mental, psicológico e espiritual que permite um "despertar" de certas faculdades ocultas, o que na visão da ciência ortodoxa consiste em algum tipo de ilusão ou hipnose auto-induzida.
Origens, influências e tradições
O ocultismo teria suas origens em tradições antigas, particularmente o hermetismo no antigo Egito, e envolve aspectos como magia, alquimia, e cabala.
O ocultismo tem relação com o misticismo e o esoterismo e tem influências das religiões e das filosofias orientais (principalmente Yoga, Hinduísmo, Budismo, e Taoísmo).
História
As raízes mais antigas conhecidas do ocultismo são os mistérios do antigo Egito, relacionados com o deus Hermes ou Thoth. Essa parte do ocultismo ou doutrina é tratada no Hermetismo.
Na Idade Média, principalmente na Península Ibérica devido a presença de muçulmanos e judeus, floresceu a alquimia, ciência relacionada com a manipulação dos metais, que segundo alguns, seria na verdade uma metáfora para um processo mágico de desenvolvimento espiritual. Tanto a alquimia quanto o ocultismo receberam influência da cabala judaica, um movimento místico e esotérico pertencente ao judaísmo.
Alguns destes ocultistas medievais acabaram sendo mortos na fogueira pela Inquisição da Igreja Católica, acusados de serem bruxos e terem feito pacto com o diabo. Mas existem trabalhos relacionados à cabala relacionados durante toda Idade Média. E de alquimia na Baixa Idade Média.
O ocultismo ressurgiu no século XIX com os trabalhos de Eliphas Levi, Helena Petrovna Blavatsky, Papus e outros.
História recente e Ocultistas famosos
O ocultismo moderno, cujo ressurgimento deu-se principalmente ao final do século XIX, teve sua parte teórica sistematizada por Helena Petrovna Blavatsky, no que ficou conhecido como Teosofia. Além dela, também são importantes na definição do moderno ocultismo Eliphas Levi, S. L. MacGregor Mathers, William Wynn Westcott, Papus e Aleister Crowley, Anton Szandor LaVey, entre outros.
Eliphas Levi divide as preferência de alguns com Papus como o maior ocultista do século XIX, tendo ambos sistematizado boa parte do que hoje conhecemos como ocultismo prático moderno.
Também devemos lembrar a importância de S. L. MacGregor Mathers e da Ordem Hermética do Amanhecer Dourado ("Hermetic Order of the Golden Dawn"), responsáveis em parte pelo ressurgimento da magia ritualística, e que influenciaram fortemente a maioria dos mais conhecidos e importantes magos e ocultistas do século XX.
Já no século XX destaca-se enormemente a figura de Aleister Crowley, que "criou" um sistema mágico próprio - Thelema que deu origem e influenciou diversas escolas mágicas, também escreveu uma extensa coleção de livros que figuram entre as preferências de ocultistas modernos.
Não podemos esquecer também a contribuição do não tão famoso Franz Bardon com seus poucos, mas valiosos, livros.
Sociedades e fraternidades
Atualmente, as tradições relacionadas com o ocultismo são mantidas por diversas sociedades e fraternidades secretas ou abertas, cuja admissão ocorre por meio de uma iniciação, que é um ritual de aceitação. Esse ritual tem como fundamento uma suposta nova vida que a pessoa deverá alcançar com a iniciação, ela morre simbolicamente e renasce para a vida que passará a ter.
Magia
Magia (não confundir com mágica ou truque) antigamente chamada de Grande Ciência Sagrada pelos Magos, é uma ciência oculta que estuda os segredos da natureza e a sua relação com o homem, criando assim um conjunto de teorias e práticas que visam ao desenvolvimento integral das faculdades internas espirituais e ocultas do Homem, até que este tenha o domínio total sobre si mesmo e sobre a natureza.
A magia tem características ritualísticas e cerimoniais que visam entrar em contato com os aspectos ocultos do Universo e da Divindade. A etimologia da palavra Magia, provém da Língua Persa, magus ou magi, que significa sábio. Da palavra "magi" também surgiram outras tais como "magister", "magistério", "magistral", "magno", etc.
Também pode significar algo que exerce fascínio, num sentido moderno e mais banal, como por exemplo quando se fala da magia do cinema.
Origem e história
Há registros de práticas mágicas em diversas épocas e civilizações. Supõe-se que o caçador primitivo, entre outras motivações, desenhava a presa na parede da caverna antevendo o sucesso da caça. Adquiriu o ritual de enterrar os mortos. Nomeou as forças da natureza que (provisoriamente) desconhecia, dando origem à primeira tentativa de compreensão da realidade, o que chamamos de mito.
Segundo o Novo Testamento bíblico, por exemplo, são três magos os primeiros a dar as boas vindas a Jesus recém-nascido. No Velho Testamento, há a disputa mágica entre Moisés e os Magos Egípcios. Nos Vedas, no Bhagavad Gita, no Alcorão, nos diversos textos sagrados existem relatos similares.
Praticamente todas as religiões preservaram suas atividades mágicas ritualísticas, que se confundem com a própria prática religiosa - a celebração da Comunhão pelos católicos, a incorporação de entidades pelos médiuns espíritas, a prece diária do muçulmano voltado para Meca ou ainda o sigilo (símbolo) do caboclo riscado no chão pelo umbandista.
Os antigos acreditavam no poder dos homens e que através de magia eles poderiam comandar os deuses. Assim, os deuses são, na verdade, os poderes ocultos e latentes na natureza.
Durante o período da Inquisição, os magos foram perseguidos, julgados e queimados vivos pela Igreja Católica, pois esta acreditava que a magia estava relacionada com o diabo e suas manifestações.
A magia, segundo seus adeptos, é muitas vezes descrita como uma ciência que estuda todos os aspectos latentes do ser humano e das manifestações da natureza. Trata-se assim de uma forma de encarar a vida sob um aspecto mais elevado e espiritual. Os magos, utilizando-se de atividades místicas e de autoconhecimento, buscam a sabedoria sagrada e a elevação de potencialidades do ser-humano.
A magia seria também a ciência de simpatia e similaridade mútua, como a ciência da comunicação direta com as forças sobrenaturais, um conhecimento prático dos mistérios ocultos na natureza, intimamente relacionada as disciplinas ditas ocultas, como o hermetismo do antigo Egito, como a Alquimia, a Gnose, a Astrologia. Para Aleister Crowley, "a arte de provocar mudanças a partir da vontade" No final do século XIX ressurgiu, principalmente após a publicação do livro A Doutrina Secreta, de Helena Petrovna Blavatsky e pela atuação da Ordem Hermética do Amanhecer Dourado Hermetic Order of the Golden Dawn), na Inglaterra, que reviveu a magia ritualística e cerimonial.
Hermetismo
Hermetismo é o estudo e prática da filosofia oculta e da magia associados a escritos atribuídos a Hermes Trismegisto, "Hermes Três-Vezes-Grande", uma deidade sincrética que combina aspectos do deus grego Hermes e do deus egípcio Thoth. Estas crenças tiveram influência na sabedoria oculta europeia, desde a Renascença, quando foram reavivadas por figuras como Giordano Bruno e Marsilio Ficino. A magia hermética passou por um renascimento no século XIX na Europa Ocidental, onde foi praticada por nomes como os envolvidos na Ordem Hermética do Amanhecer Dourado e Eliphas Levi. No século XX foi estudada por Franz Bardon.
Os escritos herméticos
Os escritos herméticos são uma coleção de 18 obras Gregas, e as principais são o Corpus Hermeticum e a Tábua de Esmeralda, as quais são tradicionalmente atribuídas a Hermes Trismegisto ("Hermes três vezes grande"). Estes escritos contêm os aspectos teórico e filosófico do Hermetismo em seu aspecto teosófico. O período bizantino é marcado por uma outra coleção de obras herméticas, que também são relacionadas ao Hermes Trismegisto, e contêm uma tradição hermética popular a qual é composta essencialmente por escritos relacionados a astrologia, magia e Alquimia. Esta versão popular encontra sustentação ou base nos diálogos Hermeticos, apesar dele se distanciar da magia.
A prática da magia entretanto não está distante das praticas realizadas no antigo Egito, a qual em uma última análise é a fonte de todos os diálogos herméticos, pois o hermetismo lá floresceu, e portanto estabelece uma conexão entre as duas tradições Hermeticas: filosófica e magia.
O livro Caibalion foi escrito no final do século XIX por três iniciados que registraram as Sete Leis do Hermetismo. Não é um livro oriundo da era pré-cristã como se supõe.
O hermetismo consiste, de forma sincrética, no estudo e prática da evolução e expansão da consciência humana até à Consciência divina, penetrando assim nos mais profundos mistérios da Criação, o que ficou conhecido como iniciação ou iluminação no Oriente.
Hermes Trismegisto
A divindade de Hermes Trismegisto provêm da introdução do deus Toth na religião grega. Toth é um deus egípcio o qual simboliza a lógica organizada do universo. Ele é relacionado aos ciclos lunares a qual em suas fases expressa a harmonia do universo. E também como deus do verbo e da sabedoria foi naturalmente identificado com Hermes. Como o deus da sabedoria o Toth foi atribuido como escritor de uma série de textos sagrados egipcíos os quais descrevem os segredos do universo. Os textos Hermeticos antigos podem ser considerados também retentores de ensinamento e de uma base de iniciação a antiga religião egipcía.
Como todos os deuses egipcíos o Toth inicialmente era adorado localmente, mas depois a adoração a ele espalhou-se por todo o Egito. Uma das localidades de adoração ao Toth era na Grande Hermópolis. Com o estabelecimento da dinastia ptolomaica naquela região Gregos imigraram também para a cidade sagrada de Toth. Desta imigração de gregos advém a identificação de Hermes com Toth.
Evolução do hermetismo durante os anos
Como a origem dos conhecimentos herméticos datam de alguns milhares de anos, é natural que durante tão longo tempo hajam ocorrido grandes transformações, tanto no que diz respeito aspectos organizacionais quando no contexto dos próprio ensinos. Disto resultou um grande número organizações no passado assim como no presente intituladas de "Ordem Hermética". Os conhecimentos e a estruturação de algumas são oriundas das Escolas de Mistérios do Antigo Egito. Naturalmente o termo "Ordem" só apareceu depois da decadência do Egito, quando grupos de estudiosos deram nomes às organizações que transmitiam o conhecimento deixados por Thoth. Sempre existiram muitas organizações que se intitularam de Sociedade, ou de Ordem Hermética, e também na atualidade. Muitas trazem ensinamentos autênticos, embora algumas atribuam o nome "hermética" a conceitos de grupos ou meras fantasias.
Ordens herméticas que ficaram consagradas ao longo dos séculos foram a Ordem dos Cavaleiros Templários, a Maçonaria e a Ordem Rosacruz.
Leis herméticas
São sete as principais leis herméticas, estas se baseiam nos princípios incluídos no livro "O Caibalion" que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. A palavra Caibalion seria um derivado grego da mesma raiz da palavra Cabala, que em hebraico significa "recepção".
Lei do Mentalismo
"O Todo é Mente; o Universo é mental."
Lei da Correspondência
"O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima"
Lei da Vibração
"Nada está parado, tudo se move, tudo vibra".
Lei da Polaridade
"Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados"
Lei do Ritmo
"Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação".
Lei do Gênero
"O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero se manifesta em todos os planos da criação".
Lei de Causa e Efeito
"Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nenhum escapa à Lei".
A PRÁTICA DA MAGIA
A prática da magia é de origem antiga, sendo encontrada em todo o mundo. A magia é uma força que combina a energia psíquica com os poderes da vontade, para produzir os efeitos "sobrenaturais", provocar as respectivas mudanças e controlar os eventos da Natureza. Aumenta o fluxo de divindade e pode ser usada para propósitos construtivos assim como destrutivos.A magia é uma força neutra que em si não é boa nem má. A direção do bem ou do mal é determinada pelo praticante. Entretanto, como o carma retorna por três vezes para todas as pessoas pelos seus atos nesta vida, seria atitude de autodestruição para qualquer Bruxo ou mago utilizar a magia para causar danos a alguém.A magia é uma ferramenta poderosa. É parte importante da Wicca, embora secundária na adoração à Deusa e ao Deus. Deve ser usada de maneira sábia, cautelosa e somente de maneira positiva. A magia é algo muito sério e nunca deverá ser abusada ou tratada como um jogo de salão ou brincadeira. Nunca deve ser utilizada para manipular a vontade ou as emoções de outra pessoa, e deve ser mantido sempre em mente o conselho wiccano: SEM PREJUDICAR NINGUÉM, REALIZE A SUA VONTADE.Assim como existem várias tradições wiccanas diferentes, a magia também assume várias formas. Existe a magia cerimonial, a magia cabalística, a magia dos nativos americanos (também conhecida como xamanismo), o Vudu e muitas outras. A escolha da forma (ou formas) correta da magia a ser praticada depende somente da preferência pessoal do Bruxo e/ou da tradição wiccana, embora vários Bruxos escolham praticar a magia folclórica de influência européia.A lua e cada uma de suas fases são a parte mais essencial da magia, sendo extremamente importante que os encantamentos e os rituais sejam realizados durante a fase lunar apropriada. A lua crescente (período entre a lua nova durante o primeiro quarto até a lua cheia) é o momento apropriado para realizar a magia positiva e os encantamentos que aumentem o amor, a sorte, o desejo sexual e a riqueza. A lua cheia aumenta a percepção extra-sensorial e é o momento ideal para realizar as invocações à Deusa lunar, os rituais de fertilidade e encantamentos que aumentem as habilidades psíquicas e sonhos proféticos. A lua minguante (época entre a lua cheia durante o último quarto até a lua nova) é o momento apropriado para realizar a magia destrutiva, os encantamentos negativos e feitiços que retirem as maldições, para terminar maus relacionamentos, reverter encantamentos de amor e afrodisíacos, acabar com maus hábitos e diminuir febres, dores e doenças.Resumindo, para realizar magia bem-sucedida deve-se estar em harmonia com as leis da Natureza e com a psiquê. é importante possuir conhecimento mágico, corpo e mente saudáveis e capacidade de aceitar a responsabilidade pelas suas próprias ações. é impossível obter magicamente resultados positivos se o seu nível de energia estiver baixo ou se o seu corpo estiver contaminado por drogas prejudiciais e/ou quantidades excessivas de álcool. Deve-se trabalhar durante a fase lunar apropriada, com convicção, concentração e visualização do resultado final.
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009
As Faces do Feminino
Inúmeras são as faces do feminino. Todas as suas infinitas representações estão contidas na figura da Grande Deusa, ela própria composta da miríade de aspectos que compõem a imagem do Grande Feminino, o Grande Redondo que tudo abarca e tudo contém.
O conjunto de suas representações se relaciona com todos os fenômenos da vida, incluindo a morte. Representa o céu, a terra e as águas, o sol, a lua e as estrelas, o reino vegetal, mineral e animal. Manifesta-se por meio das forças da natureza e seus elementos: ar, fogo, água e terra.
O mundo concebido como a manifestação da Deusa é um mundo múltiplo, variado e diverso, os diferentes elementos que o compõem se vinculando numa grande teia, definida por suas relações mútuas.
As inúmeras faces do feminino são os inúmeros aspectos do mundo fenomenal, incluindo os fenômenos visíveis e invisíveis, que se manifestam sempre no aqui e agora.
Intimamente relacionada com o viver e o experienciar, esta Grande Deusa se desdobra nas três grandes etapas da vida: a juventude, a maturidade e a velhice, encontradas em quase todas as tradições e representadas pela jovem donzela, pela mulher fértil e pela sábia anciã. O desdobramento é uma das características do feminino, sempre múltiplo.
A mais antiga das divindades gregas é Gaia, palavra grega que corresponde ao latim Terra e designa nosso planeta, nossa casa, a terra mãe. Conta o mito que, sentindo-se solitária, pariu Urano, o céu constelado, para envolvê-la toda. E com ele pariu todos os demais seres.
Desdobrável que é, podemos vê-la funcionando em seus três modos: instintivo, emocional e intuitivo.
O jeito instintivo de ser é próprio da juventude, quando nos deixamos levar e guiar por nossos ímpetos. É característico da jovem donzela, saindo da meninice e florescendo em seu pleno potencial, mas ainda não completa. Caracterizando-se por um estado desconhecido de alegre incerteza, este estado de consciência pertence a todas as mulheres e homens e felizmente pode se manifestar em qualquer época da vida.
É um estado de prontidão, de excitação diante do desconhecido, de apaixonamento, quando esperamos receber todas as dádivas da vida. Manifesta-se como espanto e curiosidade a respeito das próprias possibilidades e das possibilidades da vida, uma abertura aos mistérios e perigos que estão adiante. É um estar em processo, vivendo a antecipação, a liberdade e a espontaneidade que sentimos quando nos apaixonamos, seja pelo amanhecer, pela mudança das estações, por uma pessoa, um projeto. Nos faz experimentar a natureza como plena de coisas boas e de dádivas, a vida como plena de possibilidades. No cerne da instintividade está a receptividade, pois é preciso coragem e confiança para estar receptiva, deixando a vida fluir enquanto ainda não se sabe, mas se está consciente de não saber. Alerta e atenta aos tesouros que a vida pode trazer inesperadamente, a jovem se permite fluir nas águas da vida sem controle, deixando a correnteza levá-la. É um estado abençoado de ignorância, pois quem sabe não tem o que aprender e, portanto, não pode crescer e se tornar.
O ímpeto que nos move pode ser amoroso ou guerreiro.
O ímpeto amoroso é representado por Afrodite, a deusa grega do amor, da sexualidade, das artes e da beleza. Representa a energia que nos leva de encontro ao outro, que nos conecta com o mundo e com as pessoas. Possui a qualidade erótica que mantém unidos todos os elementos do universo. Quando estamos vivendo esta face do feminino, somos impulsionados pela paixão e nos atiramos inteiras, sem pensar nos riscos. O ímpeto guerreiro é representado por Ártemis, a deusa da natureza selvagem. Como senhora dos Animais, seu mundo é mais introspectivo, intimamente conectado com a natureza em seu estado primordial. Quando somos tocados por esta face do feminino, nos sentimos impulsionadas a buscar espaços isolados, longe do mundo urbano, civilizado. Procuramos o silêncio e a paz dos paraísos ecológicos. Podemos nos aventurar em lugares remotos do planeta, buscar animais não domesticados. O jeito emocional de ser é determinado pelos nossos sentimentos. Quando expressamos o conhecimento que vem da experiência registrada em nossos corpos, acolhemos e apreciamos cada oportunidade, encontrando uma dádiva em tudo que nos chega. O estado emocional nos deixa atentas e conscientes dos fluxos e refluxos das correntes em todos os relacionamentos. A atitude básica é de aceitação, confiança e inclusão. Encorajamos a comunidade, valorizamos suas experiências, somos movidas por um forte senso de justiça e expressamos a habilidade de nutrir outros, estimulando a tendência para formar comunidades e mantê-las unidas.
Expressamos a abundância da mãe terra que nutre e sustenta a vida a partir da riqueza e dos recursos de seu corpo abundante. Vivemos nosso corpo em sua plenitude, a mente e o coração fluindo com as dádivas do nosso ser. Quando vivemos plena e fluentemente em torno do nosso próprio centro, buscando o que desejamos e necessitamos, realizamos nossos sonhos e determinamos nossos próprios valores, raciocinando, tomando decisões, fazendo escolhas, assim sustentando e alimentando a vida em sua plenitude.
A emoção pode ser experimentada de forma maternal ou de forma soberana.
O aspecto maternal é representado por Deméter, a Deusa-Mãe, responsável pelas terras cultivadas. Representando a própria fertilidade, produz o alimento que nutre seus filhos. Tem como símbolo maior a espiga de trigo e cada vez que comemos um pedaço de pão, é a ela que devemos dar graças. Viver esta face não significa apenas ser mãe biológica. Podemos maternar tudo que vem até nós: planta, animal, ser humano. Tudo que é pequeno e necessitado de cuidados pode mobilizar esta energia em nós.
O aspecto soberano é representado por Hera, a Grande Rainha. Refere-se ao poder exercido amorosamente, à criação de condições para que a vida em sociedade possa se desenrolar harmônica e pacificamente. Quando vivemos a soberania, exercemos nossas habilidades a serviço da comunidade, preservando os valores e as tradições que nos conferem um sentido de identidade.
O modo intuitivo de viver está baseado na manifestação de uma sabedoria madura e profunda, resultante de muita experiência, destilada ao longo de muitas vidas e transformada na essência do saber, a verdadeira sabedoria que jamais se torna ultrapassada. Quando somos movidos por um saber que brota das profundezas do nosso ser, em conexão com o universo e em harmonia com seus ritmos, expressamos a sabedoria compassiva, que não é distorcida pela ilusão ou pelo sentimentalismo. Ela é mais ampla que o conhecimento intelectual, apesar de incluí-lo. É a compreensão calma, que nos possibilita olhar para os acontecimentos com serenidade e compreensão, que emergem da sabedoria ancestral acumulada ao longo dos milênios.
Mas também pode mostrar sua face terrível, porque é o portal para a morte. A intuição pode ser expressa por meio da sabedoria/justiça ou por meio da magia/ocultismo.
A intuição sábia e justa é representada por Atena, patrona da vida urbana, dos ofícios e das agremiações, de todos os recursos civilizatórios. Nos impulsiona ao estudo, à pesquisa, ao desenvolvimento da civilização. Nos sentimos parte da polis.
A intuição mágica ou oculta é representada por Perséfone, Senhora do Mundo Profundo. É mágica porque sua influência emerge de dentro e está ligada a tudo que chamamos de inconsciente. É um saber que vem de outros níveis de consciência. Nos atrai para os mistérios, para as artes divinatórias, para práticas espiritualistas, transpessoais.
O feminino e a Deusa
A Deusa está na origem da vida. Ela é a Totalidade que cria o mundo a partir de si mesma, sendo ela o próprio mundo que contém todas as suas criaturas.
Os mitos da criação retratam simbolicamente o ato do nascimento. O tema geral do simbolismo da Deusa está intimamente relacionado com os mistérios do nascimento, da morte e da renovação da vida. Assim é que ela geralmente emerge das águas primordiais ou é, ela própria, estas águas das quais emerge para dançar e, com seu movimento, criar tudo que existe.
A criação/nascimento é inseparável da figura da mãe, que nos mitos mais antigos era a divisora das águas, criadora do céu e da terra. No neolítico, a Deusa era cultuada como a fonte das águas que sustentam a vida, que caíam do céu em forma de chuva ou brotavam da terra como fonte, rio ou lago; a água representava o poder gerador da grande mãe, que ela oferecia ou negava.
A Deusa dos primórdios
Em todas as suas múltiplas funções, ela sempre vem acompanhada de animais e freqüentemente é representada parte humana, parte animal. Como a Senhora dos Animais era representada como Deusa-Pássaro das águas celestes, ou Deusa-Peixe das águas subterrâneas. A Deusa-Serpente era o símbolo de sua capacidade de regeneração e fecundação.
O movimento ou eterno fluxo aquoso é associado ao sangue menstrual, por exemplo no mito de Kali-Ma: “Quando não havia criação, nem o sol, a lua, os planetas e a terra, e quando a escuridão estava envolvida em escuridão, então a Mãe, a Sem-Forma, Maha-Kali, o Grande Poder, era uma com Maha Kala, o Absoluto”. Do rompimento, da abertura desta mãe escura e sem forma surge a luz - a criação do mundo.
Este rompimento, esta abertura, foi chamada pelos gregos de Chaos, que, ao ‘entreabrir-se’ (significado da palavra khaos em sua forma verbal khaino), dá à luz Gaia e Eros. Em seu significado original, caos não se refere à desordem, mas ao espaço vazio do qual emerge a forma, a Grande Deusa Mãe chamada de Gaia e sua energia amorosa chamada de Eros.
O mito órfico da criação relata como a Deusa dançou sobre as águas primordiais e, do vento que se formou pelo seu movimento, ela criou seu parceiro, com quem então povoou o mundo. O mais antigo nome conhecido de uma divindade criadora do universo é talvez o da sumeriana Nammu. Descrita em alguns poucos fragmentos extremamente antigos como “a mãe que deu nascimento a céu e terra”, o ideograma usado para seu nome também designa ‘oceano’ e é a palavra sumeriana para ‘mãe’. Ela não só recebe o crédito de ser a mãe de todas as divindades, mas também foi a primeira a decidir sobre a criação dos seres humanos, ato realizado por sua filha Ninmah. Na Mesopotâmia, a grande mãe sumero-babilônica era Tiamat, a serpente gigante, cujo corpo forma o universo.
No Egito, ela era Temu, a mais antiga das deidades, mãe da arcaica enéada de quatro elementos duais: água, escuridão, noite e eternidade. Como a vaca celeste que é a imensidão do céu estrelado, Nut emerge das primordiais águas da inundação do Nilo como Senhora do Céu, personificando as águas do caos original.
A grande mãe romana era Juno, criadora do universo e mãe que traz luz aos olhos do recém-nascido, quando era chamada Juno Lucina, a Deusa da Luz Celestial. Seu nome deriva da palavra etrusca Uni, a deidade três-em-um, cognata com yoni e Universo. Juno é a partícula da Deusa em cada mulher, forma feminina correspondente ao gênio masculino.
Para os pueblo do sudoeste da América do Norte, a grande criadora do mundo é Spider Woman (Mulher Aranha): “No começo havia apenas Spider Woman. Ela era chamada Sussistanako, Mulher Pensante, Mulher Pensamento. Nenhuma outra criatura vivente, nem pássaro ou animal ou peixe ainda viviam. Na escura luz púrpura que brilhava na aurora do Ser, Spider Woman teceu uma linha de leste a oeste. Ela teceu uma linha de norte a sul. Então ela sentou-se junto a estas linhas que alcançavam aos quatro horizontes, estes fios que ela desenhou através do universo, e cantou numa voz que era excepcionalmente profunda e suave. À medida que cantava, duas irmãs surgiram: Ut Set que se tornou mãe dos pueblo e Nan Ut Set que se tornou mãe de todos os outros.”
A mãe das divindades astecas era Coatlicue, que dá a vida e a toma na morte. Nos mais antigos dias dos povos do México, a mãe Coatlicue escondia-se no nebuloso topo da montanha no país de Aztlan, enquanto seus servos-serpente viviam dentro das cavernas da montanha. Desta casa secreta ela deu nascimento à luz e ao sol e a todas as estrelas no céu.
No centro-norte da Austrália, a mãe primordial chegou pelo mar. É chamada de Kunapipi e os espíritos dos mortos permanecem em seu útero até o próximo renascimento, enquanto o espírito ‘gêmeo’ ou ‘duplo’ de cada pessoa permanece com ela todo o tempo.
Com o advento do cultivo da terra, ela aparece como Deusa do Grão e das Plantas, guardiã dos ritos do plantio e da colheita, representando a fertilidade da terra e a fecundidade das mulheres. Sua principal epifania (manifestação na Terra) era a porca, por seu rápido crescimento, sua prole abundante e seu aparente hábito de ‘arar’ a terra com o focinho.
Os primórdios da humanidade
A evolução dos hominídeos iniciou-se há aproximadamente 6 milhões de anos. Quando nossos ancestrais começaram a enterrar seus mortos nas cavernas, há aprox. 100 mil anos, inicia-se a epopéia da espécie humana.
A herança material que estes ancestrais remotos nos deixaram são os artefatos e ossadas encontrados em sítios arqueológicos em todas as regiões do planeta, bem como as inscrições rupestres nas cavernas e rochas. Eles desenvolveram ferramentas e símbolos, usaram crânios de ursos em seus rituais, estruturaram santuários e enterraram cerimonialmente seus mortos, aspergidos com ocre vermelho, símbolo do sangue da vida. Enterravam-nos nos fundos das cavernas, onde reinava a absoluta escuridão cósmica, o silêncio das extensões internas imensuráveis, à distância infinita de qualquer atividade normal. Em outras palavras, depois da morte, retornavam ao útero materno para dele renascer.
A linhagem à qual pertencemos (homo sapiens ou moderno) surgiu por volta de 40 mil anos atrás. Estes nossos ancestrais levavam uma vida nômade e viviam da coleta e da caça. Este período, denominado de paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, corresponde ao final da era glacial e o habitat terrestre então era bastante frio e árido.
No paleolítico, o clima da terra era intensamente gelado devido à glaciação e os principais animais caçados eram o mamute lanoso, o rinoceronte lanoso, o urso e a rena, os poucos animais capazes de sobreviver neste clima. Os períodos e os campos de caça parecem ter sido muito espalhados, mas relativamente imutáveis, manifestando-se a força e o poder das mulheres sob a proteção das habitações (cavernas). Dão testemunho disto as inúmeras estatuetas femininas esculpidas em osso, pedra ou marfim de mamute. Nuas e eretas, muitas delas apresentam seios fartos, quadris largos, o triângulo púbico marcado; não tinham pés, pois eram fincadas diretamente na terra. Figuras femininas de madeira de lariço e álamo ainda são esculpidas hoje pelos caçadores de renas da Sibéria, representando o ponto original ancestral de todo o povo. Com o recuo das geleiras, o clima se aqueceu e a tundra se transformou em estepe, possibilitando o surgimento do cavalo das estepes, o bisão, os antílopes e asnos selvagens. As cadeias montanhosas da Europa se cobriram de coníferas e as florestas forneceram alimento e abrigo a uma variedade de vida animal e vegetal.
As cavernas do norte da Espanha e sudoeste da França testemunham uma riqueza cultural que se expandiu, por volta de 25 mil anos antes do nosso tempo, desde a Espanha até a Sibéria, e criou os fundamentes das culturas neolíticas posteriores.
Após um novo período de frio, o clima esquentou novamente por volta de 10 mil anos atrás e os animais de clima frio se deslocaram em manadas para o leste, seguidos pelos caçadores. O nomadismo dos caçadores reduziu a importância e a força das mulheres, ao contrário dos agrupamentos humanos que permaneceram nos vales dos grandes rios e cavernas e que desenvolveram a cultura agro-pastoril, levando a arte paleolítica ao seu apogeu.
Em torno de 10 mil anos antes do nosso tempo, surgem ferramentas mais aprimoradas, que dão nome a este período, chamado de neolítico ou Idade da Pedra Polida. É também deste período o desenvolvimento do plantio e do modo de vida agro-pastorial, a chamada grande revolução neolítica. O aparecimento da escrita, da metalurgia e das primeiras cidades com um poder centralizado marcam a transição do neolítico à Idade do Bronze, em torno de 2.000 e 1.600 antes da era comum. Com o surgimento de grupos guerreiros na região central eurasiana, conseqüência do desenvolvimento da tecnologia dos metais, inicia-se a Idade do Bronze, seguida de perto pela Idade do Ferro, em cujo declínio vivemos.
É este período que vai de 30.000 a 1.000 anos antes do nosso tempo que alguns estudiosos denominam de matriarcado, tema dos mais controversos. Partindo-se da realidade do patriarcado, isto é, o domínio do pai e de sua lei, lê-se matriarcado como o domínio da mãe. Mas o sufixo grego ‘arché’ tem dois significados, um mais atual que quer dizer ‘domínio’ e neste sentido compõe a palavra ‘patriarcado’: sistema social hierárquico, onde a figura central de poder é o pai. Mas ele também tem um sentido mais antigo de ‘no começo’ e neste sentido compõe palavras como ‘arcaico’, ‘arquétipo’ e ‘matriarcado’, que então quer dizer ‘no início, a mãe’. Deste modo, matriarcado não é a contrapartida feminina de patriarcado, assim como a Deusa não é o aspecto feminino de Deus. Ela é a fonte da vida e o destino na morte, tendo como sua representante humana a mulher, por esta razão respeitada e honrada.
A Arqueologia revelou cidades que comprovam a existência destas sociedades, tais como Çatal Hüyük na Anatólia (hoje Turquia), que tinha cerca de 10.000 habitantes e foi datada em 9.000 antes da era comum. Ou como Mohenjo-Daro e Harapa no Vale do Indo (Ìndia), com aprox. 40 mil habitantes. O início do desenvolvimento da agricultura nos férteis vales do rio Indo remonta a 5.000 antes da era comum, quando grupos vindos do Irã se alojaram no Punjab, onde fundaram uma cultura local denominada de Harapa. Por volta de 3.000 anos antes da era comum, a cultura harapiana já florescia em vilas e cidades que, como indicam escavações arqueológicas, se estendiam por mais de 1.500 km ao longo das margens do rio Indo e seus afluentes.
As cidades de Harapa e Mohenjo-Daro foram construídas orientando-se pelos pontos cardeais, com ruas em ângulos retos na direção norte-sul e leste-oeste. O poder religioso e secular estava localizado a oeste, as moradias a leste, com casas tendo em parte mais de dois andares, sem janelas para a rua, os quartos se agrupando em torno de um pátio central, com banheiros nas casas, piscina municipal e sistemas de canalização de água e esgoto. Tudo isto aponta para um alto nível técnico e cultural de seus habitantes. Dispunham de uma escrita, ainda não totalmente decifrada. Os selos abundantes eram quadrados, com uma inscrição pictórica, além de apresentarem, em relevo, um animal, uma divindade ou uma atitude de culto. Exerciam um comércio intenso, que começou a declinar no segundo milênio antes da nossa era.
Estas cidades revelam a existência de um longo período de paz e prosperidade, durante o qual ocorreu uma revolução social, tecnológica e cultural, com a criação das tecnologias básicas nas quais se fundamenta nossa civilização atual, sociedades em que não havia dominância, que não eram violentas nem hierárquicas. A este sistema social equilibrado, nem patriarcal nem matriarcal, refletido nas religiões, nas mitologias, no folclore, e nas estruturas sociais, Riane Eisler denominou de gilania (gy=mulher, an=homem, o l como vínculo entre os dois).
Estudos como o de Riane Eisler demonstram que estas sociedades tinham uma estrutura social de parceria, diferente da estrutura social de dominação, onde predominavam qualidades como cuidado, compaixão, não-violência.
Em seu livro Um é o Outro, Elisabeth Badinter analisa as relações entre os sexos e demonstra como, de uma relação onde um e outro sexo tinham suas atribuições específicas (divisão de tarefas = complementariedade), nossos ancestrais passaram a uma relação em que um sexo se sobrepõe ao outro, a complementariedade cedendo à dissimetria, cujo expoente é a exclusão de um grupo sexual, no caso as mulheres. A visão para o futuro é o desenvolvimento da simetria, onde há igualdade na diferença. Nas sociedades matricentradas, a organização social girava em torno da mãe. Isto quer dizer que a mãe e sua prole eram o núcleo do clã/tribo/grupo/família. Por ocasião do casamento, o homem deixava seu lugar de nascimento e passava a viver no grupo da mulher, temporária ou definitivamente. As mulheres cultivavam a terra coletivamente e passavam esta tarefa às suas filhas. Matrilocalidade e matrilinearidade enfatizavam a ligação mãe-filha como o centro da vida comunitária.
Ao longo de um processo de desenvolvimento, não no sentido linear de um ponto ‘menos’ para um ponto ‘mais’, mas no sentido daquilo que está envolvido, contido, e se des-envolve, se manifesta, a Deusa partenogênica, que cria o mundo sozinha e está sempre em companhia de seus animais, começa a vir acompanhada de um parceiro masculino, de início seu jovem filho, depois o herói a seu serviço e, finalmente, seu consorte.
Projetando o futuro
O culto à Deusa está intimamente associado com os elementos naturais, cósmicos e terrenos, vegetais, animais e humanos. A Deusa não é um conceito paralelo a Deus. Ela abarca e contém toda a vida, todos os seres, todos os fenômenos. Ela é a totalidade pré-polarizada, não há nada que ela não é. Seu culto era tão variado quanto são as condições naturais. Era realizado junto a fontes, rios, montanhas, vulcões, lagos, árvores. Os animais eram sua epifania e como Senhora dos Animais, em cada lugar recebia um nome, tinha um lugar de culto, possuía um ou mais animais sagrados. À medida que os grupos humanos organizaram e estruturaram sua percepção do mundo, ela foi concebida como a Deusa Trina: rege o céu, a terra e as águas profundas; manifesta-se como a jovem donzela da primavera, a mulher na maturidade do verão e a anciã na sabedoria da velhice. Ela reina sobre o nascimento, a vida e a morte.
Mas gradualmente estes aspectos foram sendo separados e o Grande Feminino do início dos tempos foi decomposto em aspectos limitados, preferindo-se uns em detrimento de outros.
Resgatar o feminino e a Deusa não significa restabelecer uma sociedade matricentrada. Significa recuperar qualidades e valores fundamentais para nossa sobrevivência e a do planeta. Significa honrar todos os seres como originários de uma mesma fonte e com direitos iguais. O movimento ecológico, o movimento feminista e o movimento espiritualista são canais para manifestar a energia do feminino.
E cada uma e cada um de nós é uma pequena porta de entrada para os valores do feminino, se pudermos abrir o nosso coração para a presença da Deusa.
Afrodite: a beleza corporificada
“A beleza é a mais generosa das verdades”, diz o poeta Raul de Leoni em Luz Mediterrânea, e aconselha alimentar nossos sentidos com as coisas belas e harmoniosas, de modo que nossa alma possa ressoar com elas.
Mas ele não fala da beleza como critério estético formal, como aquilo que parece e aparece, pois esta não tem nada de generosa. A verdadeira beleza é a expressão de algo mais profundo, uma harmonia que vai além da forma externa. A verdade da beleza é a consciência do coração e a reconhecemos de pronto, onde quer que ela se mostre. Reagimos a ela, porque ela toca nossos sentidos de um modo sutil e nos torna melhores, mais conectados com a vida e o cosmos.
Reconhecemos a beleza, quando algo toca nossos sentidos e atinge nossa alma, quando nosso coração ressoa com o que nossos sentidos nos apresentam. Seja uma árvore em plena floração, o sol aquecendo nossa pele, o doce sabor de uma fruta madura, o suave murmúrio de um regato, o cheiro de terra molhada.
Mas a beleza também pode ser reconhecida nas belas e harmoniosas criações humanas, desde uma refeição amorosamente preparada e servida, até grandes obras arquitetônicas. Desde singelas cantigas infantis, até grandes sinfonias. Desde um simples texto, até grandes obras literárias.
Na mitologia grega, vamos encontrar a beleza corporificada por Afrodite, deusa do amor e do desejo.
A vida ainda era jovem e tenra quando Afrodite emergiu do mar. Ventos mornos e suaves a trouxeram às praias de Chipre. Tão graciosa e sedutora era a Deusa, que as Estações vieram correndo para vê-la e, encantadas pela sua beleza, imploraram para que ficasse. Afrodite sorriu, sabendo que viera para ficar, pois sua tarefa jamais estaria concluída.
Ao caminhar sobre a terra, grama e flores brotavam sob seus pés. Andou por colinas e prados, observando todos os seres vivos com interesse. Seu contato despertava em todos doce desejo e, alegremente, os pares se uniam. Tudo ela despertava para a vida. A cada manhã, a terra se umedecia sob seu beijo.
Suas andanças a levavam para longe, mas a cada primavera, suas pombas a traziam de volta para Chipre, para o seu banho sagrado. Atendida pelas Graças, de nome Florescência, Crescimento, Beleza, Alegria e Brilho, Afrodite era coroada com murta e seu caminho forrado com pétalas de rosa. Após mergulhar no mar e renovar seu espírito no pulsar das ondas, surgia como a florescente primavera e todas as criaturas sentiam a alegria e o amor que irradiavam da bela Deusa.
Por todas as estações, anos e eras, o mistério de Afrodite permaneceu indestrutível, pois ela guarda o segredo da união amorosa, origem e manutenção da vida.
Nossa sociedade de consumo a reduziu a critérios estéticos duvidosos e parciais, muitas vezes ditados por questões mercadológicas. Uma beleza que separa e discrimina, em lugar de unir e expandir. O mundo moderno, obcecado pelos encantos físicos da deusa, perdeu contato com sua dimensão sagrada: a sensualidade, que se refere à gratificação dos sentidos através do belo, abrindo caminho para a expressão da alma.
Afrodite representa a força erótica da vida, a fonte de toda energia que mantém o universo coeso. A arte maior de Afrodite é a arte de relacionar-se, pois ela representa a força de atração entre todos os elementos da criação.
O que Afrodite nos ensina é que a beleza só pode surgir na relação, quando algo afeta nossos sentidos e toca nosso coração. Não há beleza sem amor ou amor sem beleza. A beleza é uma percepção sensual que atinge o coração. Quando o contato se faz, a relação acontece e se manifesta a paixão, a atração irresistível, seja por uma pessoa, por uma música, por um lugar, por um vestido, por uma idéia.
Mas, se necessariamente a paixão passa pelos sentidos e, portanto tem uma base física, a beleza vai além do que os sentidos podem captar; ela nos envolve toda, ela emerge do encontro sensual profundo e tem o poder de transformar a experiência física em êxtase. Ela nos transforma e transforma o mundo. Ela não tem a ver com normas e medidas, pois a beleza é um estado de graça.
Quando nos sentimos feias ou vivemos em um ambiente degradado, a ausência de Afrodite pode levar à depressão, tornando as relações estéreis. A presença de Afrodite em nossa vida produz riso, brincadeira, gentileza, paz e harmonia, qualidades que todas nós podemos manifestar, correspondendo ou não às normas de beleza ditadas pelos meios de comunicação ou pela moda.
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“A Magia é o estudo sério das leis que regem as forças que nos rodeiam e que são postas em ação pelo poder da Vontade; a Magia é a ciência que ativa a potência do verbo e, sobretudo, dirige e concentra o poder do Amor, porque a magia não é branca e nem negra. A cor da Magia está no coração de quem a pratica.”
(Márcia Villas-Bôas)